quarta-feira, 25 de março de 2009

Cupins




Por trás das paredes trincadas
Do muro da falsidade
Escorre por uma fresta
O líquido da verdade

Oculto por nossos pais
Por uma constante faxina
Não vemos nada de mais
A casa é mantida limpa

Mas por causa de um mero descuido
Nota-se por um instante
O cheiro do imperfeito
Um odor forte e nauseante

Não podendo mais ser contido
O enorme vazamento
Inunda a sala de estar
Causando aborrecimento

E num imenso mal-estar
Descobrimos a verdade
Desfazem-se as ilusões
Ficando a realidade

Todo esse sofrimento
Nos causa um terrível trauma
E uma dor interminável
Que nos angustia a alma

Num esforço para contê-lo
Criamos nosso mundo interno
Baseado no antigo modelo
Contraposto a esse novo inferno

Compulsivos juntamos tijolos
As sobras do muro ilusório
Reerguemos a parede rachada
Que agora serve-nos de fachada


Escondendo-nos de nós mesmos
Aprendemos a usar disfarces
Pois tememos nos ver no espelho
E encarar nossas próprias faces

Então pintamos nossa fachada
Com cores claras e escuras
Ou criamos nossa própria cor
E lhe adicionamos textura

Mas apesar da possível beleza
Aparente da grande mentira
Nada apaga a infinita tristeza
Da infeliz natureza escondida
_
Ass.: Márcio B. S.

Um comentário:

Hélio disse...

Meu... tu curte Lovecraft?