domingo, 28 de junho de 2009

O Enfarte e a Infame Arte

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A arte imita a vida
E a vida imita a arte
O homem foi à Marte
E trouxe sua parte
Mas qual não foi a sorte
Do homem que foi forte
E teve só o enfarte?
A vida lhe fez arte
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Ass.: Márcio B. S.

domingo, 21 de junho de 2009

Azul, Azul, Azul... (ou amargo simbolismo forçado desprovido de sentido)



Pela grama azul do céu
Infernizando a vida tranqüila
Cavalga a irascível nuvem
Trovejando sua raiva reprimida

É água, é vento, é vida
Vida latente que nutre vida
Vida mutante e fim da vida
Relâmpago cortante no fim da avenida

Nem sempre branca, serena e calma
É geada má e névoa na estrada
No negrume da noite é o negro fantasma
Um terror ascendente, uma louca enxurrada

É atraso na vida de uns
Alegria na vida de outros
Negligente, se importa com poucos
Montaria de homem nenhum

É espírito livre da natureza
Sem freio, sela ou correia
Mas é vítima do hábil domador:
O sol que a laça sem temor

Tempestade, frio, nuvem enfurecida
O Granizo: coices sem misericórdia
Vento e raio: um espasmo de agonia
De quem morre, mas não vive uma derrota

Quão persistente é o domador experiente!
E quão teimosa é uma nuvem assim raivosa!
Mas no duelo entre o invencível e o indomável
Vence o invencível e doma-se o indomável
O espírito livre vira escravo
Por enquanto ficará no novo estábulo

Ass.: Márcio B. S.
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Ouça: B. J. Thomas - Raindrops keep fallin' on my head

domingo, 14 de junho de 2009

Quando 5 anos se passam...



Pessoas vêm e vão
Em primaveras florescem
Vai-se a estação
Permanece a ligação
Quando, em comum, surge um ponto de união

Em mundos paralelos
Encontros casuais
Criam-se elos
Alguns eternos
Outros sazonais

Momentos esculpidos
Imagens registradas
Retratam-nos o vivido
Traçam os nossos caminhos

Espíritos unidos
Que convivendo em grupo
Transcendem o indivíduo
Encontram-se no escuro

Quando, então, mutuamente se ajudam
Quando percorrem sua jornada juntos
Ou seguindo diferentes rumos
Quando cinco anos se passam

Ass.: Márcio B. S.

Ouça: Pato Fu - Sobre o tempo

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Queimada



No meio da verdejante relva
Uma antítese oculta se revela
Para além da ilusão da refrescante brisa
O fogo de cinco sóis alimenta-se de vidas
Violetas, rosas e laranjas verdes viram cinzas
Ao som de um blues a vermelha terra roxa ferve
E a chama, que se chama Chama, chama o fogo
Gritando aos berros para quem não deve
Inventa sua própria poesia a partir de outra
Pois a chama nada cria e tudo transforma
Mas o fogo que ela conquista nem se importa

“Metanol é fogo que arde sem se ver
Causa ferida que dói e não se sente
É queimadura de terceiro grau na gente
Uma dor sem ter mais nervos pra doer...”

Bêbada de tanto álcool ela dança
E o fogo, também “de fogo”, cai na sedução da chama
Enquanto a terra em sua dor se contorce
A chama e o fogo pela mata inteira correm
Em devaneios alucinados os dois giram
No fogo da paixão e no calor do amor destrutivo
A chama, que se chama Chama, geme
E o fogo, que ficou “de fogo”, treme
O ar se torna rarefeito
Sobre um inesperado lençol fazem seu leito
Mas a terra é desacostumada de orgias
E logo, sentindo náuseas, vomita
O lençol vaza como uma ducha de água fria
A chama se apaga, o fogo se extingue
E a mata volta mais verde no outro dia
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Ass.: Márcio B. S.
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Ouça: The Doors - Light my fire