sábado, 15 de dezembro de 2007

O Velho Tempo Cínico


Os dias se repetem
As horas se acumulam
Os segundos passam rápido
E as coisas não mudam

Quatro semanas voam
Mas um mês demora a passar
As estações sempre mudam
Mas numa eternidade parecem ficar

O tempo que se espera
É mais longo que uma era
O tempo que se ama
É curto e deixa lembrança

Um instante crítico
Dura muitas e muitas horas
Pois é o velho tempo cínico
Que sempre o elabora

Demoramos pra morrer
Até o dia ocorrer
Daí a vida passa num segundo
Então parece tão pequeno o mundo

O sol nasce e morre todo dia
Os dias se repetem
As horas se acumulam
Os segundos se sucedem...

Nada muda!

Ass.: Márcio Bass

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

In the dark

















_
Nas nuvens dos meus pensamentos
Onde as idéias voam como o vento
No turbilhão da minha agitada calma
Habita comigo agora uma outra alma

Alma esta, bela e envolvente
Que me faz esquecer do tempo
Em nossos beijos ardentes
Traz-me o delicioso alento

O sonho mescla-se à realidade
Em nossos corpos entrelaçados
Distantes, marca-nos a saudade
O pensamento nos une mesmo separados

A suavidade do toque
Conecta-nos em nossa afinidade
Mergulho em nosso universo rock
Vibrando com ruído à intensidade
_
Ass.: Márcio Bass.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Recesso Temporário...

Caros amigos de sonos interrompidos por sonolóquios desconexos, por motivos de stress, falta de tempo, ânimo e por estar, no momento, com a atenção voltada para atividades academicas exaustoras de energia física e psíquica das quais não posso esquivar-me facilmente sem estar assim arriscando-me a uma reprovação (em todos os sentidos que essa palavra pode alcançar), precisarei ausentar-me por um bom periodo de tempo, digamos umas duas ou três semanas. Assim sendo deixo-lhes com seus pensamentos, sonhos e reflexões, permitindo-lhes algumas noites de sono agradáveis ausentes de falatórios sem sentido. Abraços e até!



Ass.: Márcio B. S.

sábado, 3 de novembro de 2007

O Último Lamento




















Estar perto e tão distante
É um descontentamento
Um paradoxo que me impede
De por em curso um certo evento

Com o caminho desimpedido
Nada me impede de caminhar
Nada exceto um certo medo
Um certo medo de falhar

Mas esse é o último lamento
Que eu pretendo emitir
Não terei medo de derrotas
Nem hesitarei em prosseguir

Não fugirei mais da dor
Terei bem mais paciência
Por pior que seja o horror
Enfrentarei com persistência

Pra me guiar, as virtudes,
A temperança e o bom senso
E uma dose de atitude
Que de tudo é o fundamento

Precisarei de novos óculos
Para uma ótica otimista
Não sangrarei mais pela artéria
E sim por minha veia artística

Mesmo parecendo um desequilibrado
Viverei no equilíbrio
Seguindo um raciocínio inusitado
É que sairei desse martírio

Sem viver em reclusão
Tendo em vista meus amigos
Abdicarei da solidão
Mesmo estando sempre em risco

Pois viver é arriscado
É preciso estar ciente
No entanto mais vale o risco
Que uma vida deprimente

Então: “Viva a vida!”

Ass.: Márcio B. S.

sábado, 27 de outubro de 2007

Dissociações de uma Mente em Conflito

Algo perdeu o sentido
E o mundo perdeu o significado
Flutuo entre objetos distorcidos
Enquanto permaneço acordado
Caminhando por trilhas estranhas
Acabei fazendo tudo errado
Mas se o certo não é um conceito
Assim firmemente acabado
Como poderia eu estar errado?
















Se sofro seguindo um caminho
Fico louco seguindo o outro lado
Sinto seres entrando em atrito
Três eus discutindo irritados
E vivendo num mundo tripartido
Ora permitido, ora censurado
Como posso negar-lhes a existência
Se sou deles mesmo o resultado?

Ass.: Márcio B. S.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A virgem

Longos cabelos claros
E belos olhos castanhos
Um corpo de mulher
E um rosto de anjo
À distância ela flutua
Oculta pelas brumas
Mal posso ver seu contorno
Nas águas de um lago morno
Mas essa imagem não é realidade
Por trás da garota há um mar de mentiras
O diabo se esconde naquele disfarce
Mas assim mesmo a imagem é bem vinda
O que minha mente repudia
O meu coração reverência
Odeio amá-la, odeio!
E amaria odiá-la
Mas não posso corromper meu sentimento
Apenas posso ignorá-la
E viver nesse longo sofrimento
Amando sem querer amá-la
Ass.: Márcio Beckman.

domingo, 14 de outubro de 2007

O Perfume Inodoro das Flores

O perfume tem cheiro de álcool
A menta tem cheiro de ar gelado
A comida tem cheiro de água
As flores têm cheiro de vidro
A gasolina cheira a mal-estar
O sabão tem cheiro de espirro
O cigarro tem cheiro de nada
O enxofre tem um cheiro pirado
E o álcool tem cheiro de álcool

Que influências têm os odores pra você?
Como algo que não se sente pode fazer falta?
O mundo é cheio de insensibilidades
De sensações que não percorrem a alma

Não vejo o infravermelho
Não ouço freqüências a mais
E quase não sinto cheiros
Mas que diferença isso faz?

Ass.: Márcio Beckman.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A Eternidade Efêmera



Linda Donzela,
Encontrar-te-ei no teu castelo
E contemplaremos o belo crepúsculo
Então amar-te-ei por toda a eternidade

Mas até mesmo a eternidade é efêmera
Até mesmo o mais longínquo dos infinitos
Chega a um fim

Mas não te entristeças!
Pois és como o crepúsculo
Que é belo por ser efêmero
Pois se assim não o fosse
Todos o ignorariam
Ass.: Márcio Beckman

domingo, 23 de setembro de 2007

O Despertar da Máquina












Trabalha, trabalha o homem-máquina
Num movimento ritmado e incessante
Sem descanso em uma rotina inalterada
Produzindo cem mil peças num instante

Escravizado por uma visão mecanicista
Tornado igual ao mundo: frio e insensível
Produz com uma fôrma, não de forma criativa
Consumindo todo o estoque de matéria primitiva

Seguindo um fluxograma de auto-programação
Aperfeiçoava-se o sistema com constante manutenção
Houve então uma corrosão pela alta eficiência
Ocasionando no homem-máquina um estalo de consciência

E o despertar seguiu-se bruscamente
Daquela realidade ele se tornou ciente
Vislumbrando seus iguais foi inútil acordá-los
Pois naquela realidade permaneciam mergulhados

Então vagou pelo mundo à procura de um sentido
Encontrou desolação, mas também um bom amigo
O engenheiro a seu pedido acabou com o sofrimento
O pôs de volta em seu sono trabalhando sem tormento

E voltou à sua rotina inalterada de homem-máquina
Produzindo, sem descanso, cem mil peças num instante
Trabalhando, trabalhando num movimento ritmado
Só que agora reciclando todo o lixo incessante
Ass.: Márcio Beckman.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A Inspiração do Suspirar

Minha doce donzela
Linda como pedra preciosa
Que inspira o mais inábil dos poetas
A criar poesias ao ver-te passar

Quisera eu, um dia, ser o vento
Mesmo estando sempre a vagar
Mas só por poder te acariciar
Passaria pela dor de qualquer tormento

Mas que chances então eu teria
Se uma vida de tristezas aguardava
E quão pouca esperança me restava
Quando via-te distante a cada dia

Preferi então deixar-te em boa hora
E partir atrás de outra inspiração
Pois foi melhor admitir uma derrota
Que viver nessa eterna obsessão

Ass.: Márcio Beckman.

sábado, 15 de setembro de 2007

Insônia

Que sentimento é esse que me faz perder o sono?
Que me faz toda noite me revirar em minha cama?
Porque meu coração bate angustiadamente apressado?
Só pode ser apenas uma a razão da minha insônia

Estou tenso, não consigo dormir!
Mas ainda assim estou sonhando
Sonhando com ela, sonhando acordado
Mas se adormeço ela não está ao meu lado

Talvez por isso seja tão difícil dormir
Mas é ainda mais difícil amar
Todo esse medo da frustração
Me faz ficar ainda mais tempo a pensar

Sua imagem em minha mente
Seu rosto, seu sorriso, seus atos
De tudo que ela já fez lembro detalhadamente
Embora possa mesmo esquecer meu próprio nome

Sinto-me completamente perdido
Estou totalmente atordoado
E sei que ela é a razão de tudo isso
O motivo de eu estar agora acordado
Ass.: Márcio Beckman.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Fascínio




A morte me chama
Conhece o meu nome
A morte me ronda
Me olha de longe

A morte me atrai
Sigo seus passos
Meu sangue se esvai
Continuo no encalço

Seguindo suas trilhas
Percorro o caminho
Ouvindo o chamado
Na noite me guio

Mas quando a vejo
E seu rosto encaro
Perco logo a coragem
Fugindo assustado

Então choro em seguida
Cicatrizo a ferida
E agradeço pela vida

Ass.: Márcio Beckman

domingo, 2 de setembro de 2007

Eu, Computador

Estou fora de mim
Mas estou lúcido, não louco
Estou como muitos outros
Conectado a cabos sem fim

Paciente, estou aqui
A máquina e eu somos um
Mas não estou no C.T.I.
Estou sim na C.P.U.

Ao meu redor periféricos
A visão periférica percebe
À minha frente um mundo
Que a periferia desconhece

Aqui onde o espaço é uma tecla
O tempo é bastante obscuro
Veloz é a pintura em tela
Mas horas se passam em segundos

Aqui posso ser qualquer um
E eventualmente sou muitos
Aqui navegando sem barco
Viajo através do mundo

Aqui virtualmente digo adeus
A uma realidade de dor
Pois anestesiado não sou mais eu
Sou agora eu, computador

Ass.: Márcio Beckman.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Música: Rajja e Cabong - Sai da Minha Veia




















Garota você não se toca
sai da minha cola
cê já fez besteira
Vê se dá o fora
Eu não quero mais idéia
você mente muito
ia fazer onze mezes
que a gente tava junto
Se eu soubesse que tu era
de amor aberto
Sai com todo mundo
nem chegava perto
Te chamei de namorada
naquela formatura
Sou motivo de risada
Lá na minha rua

Tu ainda vem com essa
dizendo que me ama
Que nasceu pra mim
Que o nosso amor se inflama
Para de ser louca, nao viaja, desencana
Esse teu xaveco prego é pralevar mais um pra cama

Sai da minha vida
Sai da minha veia
Tô com um galho nacabeça
cê me fez de besta
Sai da minha vida
Sai da minha veia
Se você quer outra chance
Pede aos teus amantes

Garota, você me arruinou
Você me detonou
O que você fez comigo
não se faz com bicho
Quando vou pra escola
fico que nem mudo
Escutando piadinha
Lá vai o galhudo
Se minha moral ta baixa
a tua já sumiu
Tem garota na sua cola
cê tá por um fio
Quem mandou mexer com cara
que tem namorada
Elas arrumaram gangue
pra te dar porrada
Acho que caiu a ficha
já posso entender
você deve estar pensando
que eu vá te proteger
Posso ser galhudo mas não sou nenhum psico
Muito menos idiota para apanhar contigo

Furta-cor


Globos em órbitas ocas
Que dizem tudo e nada dizem
Como insana poesia louca
De um poeta que se deprime

São olhos que transmitem ódio
Amor, loucura e melancolia
Como uma tela de um pintor psicótico
Expressa uma estranha agonia

Dois buracos esquisitos
Que parecem sugar tudo
Tão vivos, misteriosos e confusos
Engolem o mundo como dois redemoinhos

Pupilas que se dilatam e se comprimem
Nos mostram as mentiras que todos dizem
Ou o mal venenoso que se consome
Que o vermelho doente não lhe esconde

A morte dança sob as pálpebras
À noite quando o sono nos envolve
A vida pelas pupilas escapa
Dando voltas por onde bem escolhe

Nossos olhos são assim:
De muitas cores e formas
Buracos escuros sem fim
Que a nossa visão deforma

Ass.: Márcio Beckman.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A Degeneração da Matéria

O tempo...
Se esvai como o vento
Acabando com o intento
Vai a tudo corroendo
Um bolor, uma ferrugem,
Teias de aranha surgem
Ficam apenas os conceitos
Objetos sem defeitos



Ass.: Márcio Beckman.

domingo, 26 de agosto de 2007

Círculo Vicioso


A alegria gera ansiedade
A ansiedade gera irritação
A irritação gera tristeza
E a tristeza vira depressão
A depressão desencadeia raiva
E a raiva origina arrependimento
Do arrependimento surge a coragem
E da coragem há um novo nascimento
O nascimento de uma nova alegria
Que ameniza o eterno sofrimento
Ass.: Márcio Beckman.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A Dama do Vestido de Seda



A alegre garota avoada
Envolta na nuvem nociva
Flutua chegando atrasada
Trazendo um ar de euforia

Amiga íntima das plantas
E de tudo que é inanimado
Sorri seu sorriso metálico
Dançando na poeira branca

Perdida em suas memórias
Enquanto mistura seu chá
Sua mente embebida dá voltas
E volta pro mesmo lugar

Mas o seu olhar distante
Me transmite um significado
Trazendo à tona a lembrança
Do meu futuro passado

Em fina seda se veste
No seu mundo baseado
Num ébrio romance silvestre
No qual fico mudo e calado

Pois se as palavras ressoam vazias
Ao som da dança hipnótica
Poderia alguém fazer algo
Como ter uma atitude heróica?

Pois esse não é um mundo de heróis
E sim de uma vil heroína
No qual se desfia a morte
Em detrimento da vida

Mas tenho esperanças ainda
De vê-la despir seu vestido
E vestir-se de coragem
Para enfrentar seu destino
Ass.: Márcio Beckman.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A Invenção do Século



Segunda-feira, chovia. Não era entretanto uma chuva corriqueira do tipo melancólica, mas sim torrencial, violenta, quase uma enchente.
Ana espiava pelas frestas da veneziana aquele aguaceiro caindo, enquanto calçava seus tênis surrados de caminhada e se preparava pra sair. Estava animada. Ao seu lado estava uma pequena caixa de um tipo de plástico transparente, no qual palavras e imagens se moviam como uma forma de publicidade chamativa. No momento em que pegou-a nas mãos esta exibia o texto “pluvioshield, a invenção do século para seu uso pessoal”. Abriu-a. Retirou de dentro dela um aparelho que, como dizia a moça da propaganda, possuía tecnologia GFH-1.
Ansiosa que estava por estrear o produto não clicou no ícone explicativo da embalagem animada, apenas jogou-a num canto da sala e prendeu o pluvioshield à cintura.
“Uma maravilha!” pensava agora Ana da mesma maneira que todos quando a dez anos atrás a Bluetec inventou os óculos dryvision, mas estes só ficaram em 37º lugar na votação para a invenção do século, apesar da intensa campanha publicitária feita pela empresa. Talvez por isso agora os tais óculos viessem como brinde pra quem comprasse o pluvioshield na “oferta imperdível” anunciada essa semana na HV (holographicvision, uma TV holográfica).
O aparelho em questão assemelhava-se a um cinto com uma grande fivela em formato de escudo. Era azul e feito de um material flexível que lembrava borracha, exceto pela parte da “fivela” que parecia mais ser feita de plástico. No centro via-se, em baixo relevo, a gravura de um pequeno guarda-chuva que parecia apenas um simples detalhe artístico do produto, mas começou a emitir uma luminosidade esverdeada de suas ranhuras quando foi tocado por Ana.
Ao abrir a porta de casa e aproximar-se da chuva não soube que os sensores do pluvioshield haviam sido ativados, nem que, em menos de um segundo, haviam feito uma análise completa da umidade relativa do ar. A única coisa que pode perceber foi um suave bip.
Em passos hesitantes caminhava agora para fora, onde a água caia sem piedade. Sentiu um frio na barriga de ansiedade e receio de que aquele mecanismo tão sofisticado pudesse estar com defeito. Resolveu fechar os olhos para criar coragem e prosseguir. Deu, às cegas, mais alguns passos à frente. Nada, nenhuma sensação diferente... Nada que pudesse anunciar um efeito tão espetacular quanto o prometido pelo comercial.
Ana estava apreensiva, quase decepcionada, mas de repente atinou para o fato de que nesse “não sentir nada de diferente” estava incluído também a chuva. Não sentia nem mesmo uma única gotícula tocar-lhe a pele. Estava agora perplexa. Pensou “uau!” e por um instante mais quis permanecer com os olhos cerrados sentindo apenas a leve brisa que se formava com o movimento da água caindo. Imaginou, por mais um instante, como seria quando abrisse os olhos pra poder comparar o que havia pensado com o que realmente aconteceria e ver se acertava. No momento seu estado mental beirava a euforia. Teve então a idéia de contar até três e abrir os olhos de uma vez. Respirou fundo e contou. Um... dois... três!
Estava estarrecida, pois a beleza do que via ia além do que imaginara. Sentiu-se bem e poderosa. Era agora como a versão feminina de Moisés. Era uma deusa: a deusa Ana.
Talvez tenha sido essa mesma emoção, provocada nas pessoas certas, que tenha feito o pluvioshield ganhar o 1º lugar no concurso da invenção do século, deixando em 2º uma invenção tão boa como o oz-prey. Mas quem se lembraria de um spray que protege contra os danos da excessiva radiação ultravioleta dos tempos atuais quando tinha na mão um efeito tão fabuloso quanto o proporcionado por um gerador de força hidrorrepelente (no caso um GFH-1)?
Via a chuva descortinar-se diante dela para deixá-la passar. Era uma rainha e, por isso mesmo, toda a água se curvava perante sua presença. O efeito visual da coisa toda era igual ao de estar protegida por um globo de vidro de um metro de diâmetro, só que não havia vidro algum. Algo bem surpreendente quando se pensa nos velhos e antiquados guarda-chuvas que, durante séculos, foram usados até que alguém tivesse uma idéia melhor.
Passado o surto megalomaníaco, estava pronta para caminhar. O único inconveniente agora era não poder ver o caminho com clareza devido às condições climáticas, mas isso foi logo resolvido quando colocou seus óculos dryvision que lhe permitiam ver tudo que não fosse água em qualquer um de seus estados. Feito isto, seguiu confiante rumo ao horizonte e além.
Foi aquele um momento feliz, talvez até memorável, apesar de semelhante ao de muitas outras pessoas naquele mundo e tempo específicos. Seria mesmo inesquecível para Ana, não fosse o fato de no dia seguinte inventarem as pluviovests, roupas que já vinham de fábrica equipadas com um GFH-2.

Ass.: Márcio Beckman.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Soneto ao Sol





Símbolo máximo da perfeição
Fonte de toda a vida na terra
Vivendo como um antigo asteca
Por ele tenho muita devoção

Com a luz que me traz inspiração
E a onda de calor que me acerta
Sinto-me feliz e mais alerta
Em uma tarde quente de verão

Um rei que se morrer não morre só
Merece toda a admiração
Daqueles que existem ao seu redor

Um grande e pulsante coração
Que pode destruir tudo sem dó
Ou dar ao mundo sua proteção
Ass.: Márcio Beckman.

domingo, 12 de agosto de 2007

O Reflexo do Reflexo do Espelho





Escrever sobre o escrever
Falar sobre o falar
Pensar sobre o pensar
Olhar um outro olhar
Ações reflexas que refletem o refletir
Ao se viver a vida com vigor
Fazem sentir o próprio sentir
Espantando da nossa mente a dor
De um dia ter visto partir
Um sonho que outrora se frustrou
Sonho acordado em que se dormiu pra sonhar
O despertador despertando numa manhã de domingo
Resume toda essa filosofia do filosofar
Ass.: Márcio Beckman.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Segundos


Onde está a âncora do tempo
Que me arrasta sem se deter?
Porque vivo a dor e o sofrimento
De um futuro que não posso prever?

Na história desse antigo mundo
Dissolvo-me nas infinitas horas
Numa vida de poucos segundos
Reduzidos em minha memória

Um futuro que chega veloz
Não o vejo, mas ouço sua voz
No qual cada momento é importante
Vivo num dinamismo cego e alucinante

Terei eu um destino irrevogável?
Um futuro negro ou agradável?
Então que seja ao menos interessante!
Ass.: Márcio Beckman.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A Essência Humana


O sangue de onde brota a arte
Que jorra sonhos e sentimentos
Aplaca a insaciável sede
A sede de auto-conhecimento

Sangue magnífico este
Coagula formando esplendor
Este é o sangue artístico
Que mostra a beleza e a dor

Quem beber dessa essência humana
Terá a alma reabastecida
Pois a arte atravessa os séculos
E no tempo é jamais esquecida
Ass.: Márcio Beckman.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sinfonia

A fibra que recobre o vidro
Vibra na freqüência do infinito
Ressoa numa frenética dança...

A porta permanece torta
Feita de insólita madeira morta
Rangendo sem esperança...

O tiro que estoura o tímpano
Tece trilhas sem destino
Ríspido como uma lança...

A gota que molhava a roupa
Espirra para longe e voa
Vai aonde ninguém alcança...

A fibra, a porta, o tiro, a gota
Notas únicas numa sinfonia louca
Tocadas por uma infeliz criança

Ass.: Márcio Beckman.

domingo, 5 de agosto de 2007

O Leito sem Rio




Era um casal de namorados daqueles que se conheceram desde a infância. Estudaram juntos nas mesmas escolas, naturalmente sendo ótimos amigos, e na adolescência se apaixonaram. Entretanto nem tudo foram flores e com eles a vida foi realmente cruel.
As coisas ficaram sérias quando estavam na faculdade. Os dois estudaram juntos na mesma universidade: enquanto ele, Heitor, fazia jornalismo, ela, Ester cursava artes plásticas. Foi durante essa época que eles ficaram noivos.
O tempo passou e após se formarem Heitor arranjou um bom emprego num jornal por indicação de um amigo seu e Ester estava com planos de montar seu próprio ateliê. Tudo corria bem.
Um dia Heitor voltou do trabalho cansado, mas satisfeito, tanto que ainda teve disposição de ir até a casa de Ester e convidá-la para sair. Não era um dia especial aquele, mas apenas uma sexta-feira comum que, no entanto, acabou por se tornar um dia memorável quando ela lhe confessou estar grávida dele.
Um mês depois os dois estavam casados e felizes, pois apesar de terem adiado o casamento para tentarem primeiro estabilizar suas vidas, já pensavam nisso desde o inicio do namoro.
Foram passar a lua-de-mel numa cidade de praia, distante da agitação da cidade grande onde moravam e foi lá que tudo aconteceu. Não exatamente na cidade, mas a quinze quilômetros de sua entrada. Foi onde o carro de Heitor capotou e aconteceu o acidente que mudou suas vidas.
No hospital disseram que Heitor apenas havia sofrido escoriações leves, mas sua mulher estava em coma, entretanto o bebê que ela carregava ainda vivia e a gravidez pode transcorrer de forma normal.
Longos meses se passaram e o filho deles nasceu, sem, no entanto, Ester ter acordado. Heitor sempre ia ao hospital quando saia do trabalho e ficava lá cuidando dela, esperançoso de que um dia ela pudesse levantar daquela cama.
Depois de mais um ano de esperas em vão, decidiu pensar num nome para o filho, pois o mesmo não poderia ficar sem nome e o deu como um presente de aniversário. Lucas foi como o registrou.
Muitos anos se foram até que Heitor perdeu de vez as esperanças e resolveu se casar novamente, dessa vez com Joana, uma das enfermeiras que cuidava de Ester. Isso aconteceu no mesmo ano em que Lucas se formou em medicina.
Após casarem-se eles mudaram para outra cidade decidindo deixar o passado para trás, mas Lucas ficou, pois crescera obcecado com a idéia de um dia poder trazer sua mãe de volta e com isso deu muitas contribuições à evolução da medicina.
Em 30 anos de pesquisa, no entanto, nada havia funcionado e Ester, agora uma senhora idosa, continuava imersa em seu longo sono.
A vida estava passando para Lucas e ele somente pensava no seu único objetivo, sem plano sobre casar-se e sem cuidar muito de sua vida pessoal. Investia todo o seu tempo e dinheiro nas pesquisas com sua mãe.
Numa noite estava se sentindo amargurado por conta dos problemas e frustrações da vida, então resolveu passar a noite no hospital ao lado de sua mãe, o que costumava fazer quando estava com algum problema sério. Conversou com ela que, é claro, não respondeu, mas ele imaginava que ela talvez pudesse ouvi-lo. Acabou adormecendo por estar exausto de muitas coisas.
Dormiu muito profundamente aquela noite e sonhou que sua mãe, jovem como era quando ele nascera, brincava com ele criança nos jardins da casa de seu pai. No sonho ela o abraçou e disse-lhe que já estava crescido e que deveria viver sua própria vida. Sorrindo, ela lhe pediu pra que a deixasse ir e ele, com muito esforço, conseguiu soltá-la. Ela então caminhou para longe e sumiu de sua vista. Acordou muito triste e não conseguiu dormir pelo resto da noite olhando para Ester e pensando em tudo aquilo. Foi quando os primeiros raios de sol foram surgindo que respirou fundo e decidiu dizer adeus a sua mãe. Então Lucas simplesmente desligou os aparelhos e foi embora pra casa.

Ass.: Márcio Beckman.

sábado, 4 de agosto de 2007

Promoção "Poesia Enigmática"

Como poucas pessoas até agora tentaram decifrar a Poesia Enigmática, então resolvi dar um incentivo estabelecendo uma premiação. Aquele que primeiro apresentar a resposta correta do enigma vai receber como prêmio o CD Daydream Nation do Sonic Youth (original, mas não é novo!), e todos aqueles que tiverem dado respostas parcialmente corretas ou que tenham se aproximado da solução do enigma receberão esse selo especial criado por mim para por na barra lateral de seu blog. Bom, como esse enigma é um tanto difícil convém eu dar umas dicas... Então lá vai: vcs têm q pensar a coisa toda de uma forma não obvia! Não se atenham ao sentido literal das palavras! Quando eu escrevo eu gosto de brincar com as palavras, com as letras, dar outros sentido, as vezes usá-las de modo concreto como se fossem pedaços de sentido, coisas assim... E lembrem-se: vcs têm q tentar formar uma poesia com as palavras q obtem, formando frases com sentido e com rimas q se encaixem. Entenderam? Então galera mãos a obra que eu quero ver essa resposta! Clique aqui para ver a Poesia Enigmática.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Poesia Enigmática













1)Se for "tolo" sem ele, mais dê
2)Um pedaço de "universo"
3)Que entre as montanhas se vê
4)Finaliza o frio e o inverno

5)Sem ele não se faria a escalada
6)Aquele que não mudou e não é outro
7)Que abrevia a massa atômica unitária
8)Que se fez com quatro números desta enigmática

9)Contrária a pessoa sã
10)Será "depois", só o fim, não dê
11)O presente do que será amanhã
12)"Anos", mas a esquecer

13)O resultado de dois a esse se soma
14)É "amada", mas agora menos ama
15)O poeta sempre a ela se dedica
16)Ensurdecido com esta pergunta fica

17)"Senão" sem o final fica
18)O que no escuro se faz com a fotografia
19)Num acordo o diabo a compra
20)E o que resta agora é somente “humana”


Obs.: Há uma poesia oculta dentro da poesia enigmática que pode ser decifrada. Cada nº corresponde a uma palavra da poesia oculta (exceto o nº 19 que corresponde a duas palavras) devendo ser decifrado como enigmas independentes que ao serem unidos formam a resposta do enigma todo.


Poesia Oculta

______ (1) ______ (2) ______ (3) ___ (4) ________ (5)
______ (6) ____ (7) ________ (8) ________ (9)
______ (10) ___ (11) ____ (12) ______ (13) ___ (14) ______ (15)
____ (16) ____ (17) ________ (18) ________ (19) ________ (20)


Ass.: Márcio B. S.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Ser Livre

O ideal de todo homem é ser livre
Assim como o dos pássaros é voar
Um dia voei bem alto
Mas tive medo de me esborrachar
Tremendo voltei ao chão
E desde então sofri
Pois foi então que entendi
Após me por em reflexão

Eu tinha asas
Eu tinha o vento e a vontade de viver
Mas era a falta de coragem
Que me fazia perder

Eu tinha tudo
E ao mesmo tempo não tinha nada
Só um par de coisas sem uso
E pela frente uma longa estrada

Ass.: Márcio Beckman.

P. S.: Esta poesia foi utilizada como mensagem final no convite de formatura da minha turma de psicologia.

Ouça: Lynard Skynard - Free Bird
Ouça também: Beetles - Lucy in the Sky
Ouça ainda: Helloween - Eagle Fly Free

terça-feira, 31 de julho de 2007

Inauguração oficial do blog Sonolóquios


Está no ar mais um blog para quem gosta de ficar lendo textos na internet, tem algum tempo a perder e um computador disponível (nem que seja numa Lan House da vida!). Ainda sou marinheiro de primeira viagem nessas coisas, mas prometo tentar tornar isso aqui interessante (tomara que eu consiga!). Resolvi criar esse blog porque gosto de escrever nas horas vagas e como até hoje poucas pessoas já leram o que eu escrevo, não tenho muito noção se tenho futuro como poeta ou escritor de ficção, então gostaria de contar com as críticas e opiniões dos leitores nem que seja pra falar que meus textos são horrívelmente intragáveis. Entretanto, vou avisando-lhes caros leitores que tenho um humor de tendência depressiva e auto-estima facilmente abalável (he he he, não liguem para a chantagem emocional! É só pra chamar a atenção!). Ok, alguma pergunta? Então segurem-se em suas cadeiras, apertem os cintos e boa viagem!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A Ruptura da Inércia












Sou tomado por impulsos
E guiado por instintos
É o legado dos extintos
Que corre pelos meus pulsos

Sinto as mãos do absurdo
Me empurrando por caminhos
Num não pensar primitivo
Eu me vejo como um surdo

Pois por vezes não escuto
A razão aos meus ouvidos
Sinto às vezes o destino
A manipular meu curso

Utilizo como escudo
Um estado alternativo
Que me deixa pouco ativo
E me desliga do mundo

Um conselho pouco astuto
Por mim mesmo proferido
Pois cair nesse abismo
É um perigo obscuro

Mas é nesse estado mudo,
Estático e indefinido
Que me curo dos meus vícios
E morro por um segundo

Celebro meu próprio luto
Revivendo meus conflitos
Totalmente absorvido
Perco horas no escuro

Mas sem estar muito seguro
Num impulso criativo
Me apego ao dinamismo
E volto pro mundo confuso

Um verdadeiro absurdo!

Ass.: Márcio Beckman.