quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Ass.: Márcio Beckman

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Homem de Cinco Sentidos




Existia um lugar no universo conhecido como planeta 88, em que as pessoas só possuíam quatro sentidos: visão, audição, tato e paladar. Faltava-lhes o olfato. Era um lugar bastante pacífico e de pessoas amistosas que viviam em prol do outro e respeitavam as suas diferenças, de forma que, cada uma contribuía como podia para a sociedade e era considerada importante para o todo.
Certa noite alguns habitantes do planeta 88, conhecidos como octo-octos, juraram que viram uma luz prateada de forma oval cruzando o céu, mas isto aconteceu num piscar de olhos, desaparecendo de forma tão rápida e silenciosa que acabou por virar apenas mais um dos muitos relatos de óvnis sem nenhuma credibilidade a povoar as lendas locais.  Nessa mesma noite aconteceu outro fato estranho: o desaparecimento de um bebê e o seu posterior reaparecimento no dia seguinte numa lixeira a algumas quadras de distância. A família nunca soube explicar o ocorrido e a polícia tampouco. Difundiram-se, na época, alguns boatos sobre abduções, mas como mais nada de estranho aconteceu nos dias que se sucederam, os dois fatos acabaram por ser substituídos pelo próximo assunto do momento.
Trinta anos depois anos, entretanto, surgia uma nova manchete nos jornais dos octo-octos: O Homem de Cinco Sentidos. Segundo fontes confiáveis o sujeito tinha a estranha habilidade de perceber as coisas sem precisar vê-las. Dizia que conseguia sentir o sabor delas no ar e assim sabia se essas coisas estavam ou não presentes no ambiente a sua volta. Ele ganhou a atenção da mídia quando conseguiu detectar um vazamento de gás na casa de amigos, evitando, assim, que acontecesse uma tragédia.
Logo o Homem de Cinco Sentidos tornou-se um herói local, fazendo sucesso entre o povo. Dessa forma, acabou arrumando um cargo como fiscal sanitário e, com o passar dos anos, foi acendendo até se tornar ministro da saúde.
Sua vida ia de vento em popa, mas havia um inconveniente: com as mudanças que sua vida havia sofrido foi, gradativamente, migrando para cidades cada vez maiores e, com isso, tendo mais contato com as sujeiras do mundo. Para os octo-octos em geral, que não possuíam o olfato, aquilo não era nenhum problema, mas ele começou pouco a pouco a enjoar de todos aqueles cheiros ao ponto que estes acabaram por se tornar insuportáveis.
Logo, começou a adotar medidas muito severas em relação a tudo que lhe causava náuseas e com isso despertou o desagrado dos octo-octos que não viam sentido nenhum em suas ações.
Era certo que o povo do planeta 88 era conhecido por conviver com suas diferenças de forma pacífica e harmoniosa, entretanto era difícil para eles lidar com aquilo que, por mais que tentassem, não conseguiam compreender. Logo, todo esse modelo de sociedade perfeita caiu por terra, quando os octo-octos começaram a ter opiniões diferentes sobre o assunto: uns queriam que o Homem de Cinco Sentidos fosse afastado do cargo e outros confiavam em seu julgamento, achando que ele estava fazendo o melhor para eles.
Nunca, na história dos octo-octos, houvera tamanha polêmica. Como estavam desacostumados com tal divergência de pensamento, logo entraram em guerra de tal forma que se acabou por dizimar toda o povo do planeta 88, com a exceção do Homem de Cinco Sentidos, que, a essa altura vagava solitário, sentindo-se culpado por tudo aquilo.
Em sua tristeza olhou para o céu e viu uma estrela cadente. Já, sem qualquer outra esperança, desejou estar novamente entre pessoas e que fosse compreendido como igual. Fechou os olhos e concentrou-se no seu pedido. Ao abrir viu que muitas outras estrelas cadentes acompanhavam aquela primeira, que agora parecia mais uma luz prateada e oval que se dirigia em sua direção. Em pouco tempo as luzes pousaram e agora, por todo lado, via-se imensas hidronaves hiperespaciais prateadas, construídas com a avançada tecnologia GFH-5 terráquea. De dentro delas desembarcavam milhares de terráqueos colonizadores que circularam pelos arredores fazendo analises do solo, da água e da vegetação.
Ao se depararem com o Homem de Cinco Sentidos, esboçaram um simpático sorriso. Nesse momento, houve um entendimento, sem palavras de que eram iguais, ao se reconhecerem pelo cheiro que, entre eles, era familiar.
Daí em diante passou a viver feliz o restante de sua vida comum sob os mares do planeta 88 nas hidrabitações terráqueas que mantinham a água suspensa e tornavam o fundo do mar habitável por meio da tecnologia GFH-4. E, quando queria sentir-se um pouco diferente, saia para passear em seu veículo aquar personalizado, movido com um potente motor GFH-3, coisa que era novidade naquele novo mundo.


Ass.: Márcio Beckman de Souza


Assista: O Perfume (filme) 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Au revoir!













Aves avisto
Voam nos arredores
Revolvendo os ares
Aos montes para cá migram
Preenchendo o horizonte
Precipitam-se em rasantes
Descendo em espiral
Percorrem o sentido vertical
É uma revoada alvoroçada
Que demarca a intangível alvorada
Invadem, atormentam e bicam
Remontam a infinita jornada
Dos dias, os mais longínquos


Ass.: Márcio Beckman de Souza

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Luke

Pequeno Luke
Cãozinho cheio de truques
Alegre e cheio de vida
Corria pela cozinha
Estava sempre alerta
Sentado, esperava comida
Com o coraçãozinho disparado
Ansioso, entrava em disparada
Quando qualquer perigo o rondava
Nada temia e tudo enfrentava
Entrava em qualquer brecha
E de todo lugar saía
Era um hábil mestre das fugas
Um fabuloso escapista
Mas tudo isso cessou
Aquietou-se em um triste dia
Foi embora sem dizer adeus
Fugindo para outra vida
Deixando-nos com o sentimento
De que agora nunca saberemos
O Lhasa que ele seria

Ass.: Márcio Beckman


Homenagem ao Luke * 27/08/2009 - 03/02/2010 †