sexta-feira, 5 de junho de 2009

Queimada



No meio da verdejante relva
Uma antítese oculta se revela
Para além da ilusão da refrescante brisa
O fogo de cinco sóis alimenta-se de vidas
Violetas, rosas e laranjas verdes viram cinzas
Ao som de um blues a vermelha terra roxa ferve
E a chama, que se chama Chama, chama o fogo
Gritando aos berros para quem não deve
Inventa sua própria poesia a partir de outra
Pois a chama nada cria e tudo transforma
Mas o fogo que ela conquista nem se importa

“Metanol é fogo que arde sem se ver
Causa ferida que dói e não se sente
É queimadura de terceiro grau na gente
Uma dor sem ter mais nervos pra doer...”

Bêbada de tanto álcool ela dança
E o fogo, também “de fogo”, cai na sedução da chama
Enquanto a terra em sua dor se contorce
A chama e o fogo pela mata inteira correm
Em devaneios alucinados os dois giram
No fogo da paixão e no calor do amor destrutivo
A chama, que se chama Chama, geme
E o fogo, que ficou “de fogo”, treme
O ar se torna rarefeito
Sobre um inesperado lençol fazem seu leito
Mas a terra é desacostumada de orgias
E logo, sentindo náuseas, vomita
O lençol vaza como uma ducha de água fria
A chama se apaga, o fogo se extingue
E a mata volta mais verde no outro dia
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Ass.: Márcio B. S.
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Ouça: The Doors - Light my fire

3 comentários:

Gabriel disse...

O fogo é intenso, mas consome muito rápido. Será que vamos encontrar alguma chama que nos aqueça e nos torne intensos, sem que nos apague em seguida?

(será que é isso o tal amor?)

Tangerine disse...

"Pois a chama nada cria e tudo transforma
Mas o fogo que ela conquista nem se importa"

Adorei essa parte! O mais legal foi que fiz outra interpretação quando li pensando na música do The Doors.

Agora, como é que tu lê meu blog há uns duzentos anos e não sabe que sou eu? É tua prima, menino!!! =D

Não importa disse...

Putz! Adorei tudo nessa poesia! Rimas, trocadilhos, paródia... Preciso ouvir The Doors.