domingo, 23 de setembro de 2007

O Despertar da Máquina












Trabalha, trabalha o homem-máquina
Num movimento ritmado e incessante
Sem descanso em uma rotina inalterada
Produzindo cem mil peças num instante

Escravizado por uma visão mecanicista
Tornado igual ao mundo: frio e insensível
Produz com uma fôrma, não de forma criativa
Consumindo todo o estoque de matéria primitiva

Seguindo um fluxograma de auto-programação
Aperfeiçoava-se o sistema com constante manutenção
Houve então uma corrosão pela alta eficiência
Ocasionando no homem-máquina um estalo de consciência

E o despertar seguiu-se bruscamente
Daquela realidade ele se tornou ciente
Vislumbrando seus iguais foi inútil acordá-los
Pois naquela realidade permaneciam mergulhados

Então vagou pelo mundo à procura de um sentido
Encontrou desolação, mas também um bom amigo
O engenheiro a seu pedido acabou com o sofrimento
O pôs de volta em seu sono trabalhando sem tormento

E voltou à sua rotina inalterada de homem-máquina
Produzindo, sem descanso, cem mil peças num instante
Trabalhando, trabalhando num movimento ritmado
Só que agora reciclando todo o lixo incessante
Ass.: Márcio Beckman.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A Inspiração do Suspirar

Minha doce donzela
Linda como pedra preciosa
Que inspira o mais inábil dos poetas
A criar poesias ao ver-te passar

Quisera eu, um dia, ser o vento
Mesmo estando sempre a vagar
Mas só por poder te acariciar
Passaria pela dor de qualquer tormento

Mas que chances então eu teria
Se uma vida de tristezas aguardava
E quão pouca esperança me restava
Quando via-te distante a cada dia

Preferi então deixar-te em boa hora
E partir atrás de outra inspiração
Pois foi melhor admitir uma derrota
Que viver nessa eterna obsessão

Ass.: Márcio Beckman.

sábado, 15 de setembro de 2007

Insônia

Que sentimento é esse que me faz perder o sono?
Que me faz toda noite me revirar em minha cama?
Porque meu coração bate angustiadamente apressado?
Só pode ser apenas uma a razão da minha insônia

Estou tenso, não consigo dormir!
Mas ainda assim estou sonhando
Sonhando com ela, sonhando acordado
Mas se adormeço ela não está ao meu lado

Talvez por isso seja tão difícil dormir
Mas é ainda mais difícil amar
Todo esse medo da frustração
Me faz ficar ainda mais tempo a pensar

Sua imagem em minha mente
Seu rosto, seu sorriso, seus atos
De tudo que ela já fez lembro detalhadamente
Embora possa mesmo esquecer meu próprio nome

Sinto-me completamente perdido
Estou totalmente atordoado
E sei que ela é a razão de tudo isso
O motivo de eu estar agora acordado
Ass.: Márcio Beckman.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Fascínio




A morte me chama
Conhece o meu nome
A morte me ronda
Me olha de longe

A morte me atrai
Sigo seus passos
Meu sangue se esvai
Continuo no encalço

Seguindo suas trilhas
Percorro o caminho
Ouvindo o chamado
Na noite me guio

Mas quando a vejo
E seu rosto encaro
Perco logo a coragem
Fugindo assustado

Então choro em seguida
Cicatrizo a ferida
E agradeço pela vida

Ass.: Márcio Beckman

domingo, 2 de setembro de 2007

Eu, Computador

Estou fora de mim
Mas estou lúcido, não louco
Estou como muitos outros
Conectado a cabos sem fim

Paciente, estou aqui
A máquina e eu somos um
Mas não estou no C.T.I.
Estou sim na C.P.U.

Ao meu redor periféricos
A visão periférica percebe
À minha frente um mundo
Que a periferia desconhece

Aqui onde o espaço é uma tecla
O tempo é bastante obscuro
Veloz é a pintura em tela
Mas horas se passam em segundos

Aqui posso ser qualquer um
E eventualmente sou muitos
Aqui navegando sem barco
Viajo através do mundo

Aqui virtualmente digo adeus
A uma realidade de dor
Pois anestesiado não sou mais eu
Sou agora eu, computador

Ass.: Márcio Beckman.